O principal destaque do festival foi, acima de tudo, a péssima organização. Praticamente todas as actuações (ao que sabemos, excepto as das Tendas Top e Livre) começaram com enormes atrasos, com os Jazzanova, por exemplo, a começarem a sua actuação quase 2 horas depois do previsto (como estava anunciado no cartaz da tenda, porque se nos guiássemos pelos horários publicados antes do festival esses atrasos seriam muito maiores ainda). A preocupação da organização em contratar seguranças para impedirem as gentes de urinarem fora das casas de banho em detrimento de técnicos de som capazes de efectuarem os "sound-checks" e montagem do equipamento nos previstos 15 minutos revela uma absurda focagem em aspectos completamente exteriores ao que deveria ser o espírito do festival. Importante, importante mesmo era a música, não? As constantes quebras nas tendas, a juntar a alguma falta de "sal" nas actuações de alguns artistas, contribuíram para uma fraca qualidade do festival este ano, mostrando que nem sempre se aprende com os erros do passado. Deixamo-vos com um relato da "passeata" pelas tendas. Palco Optimus Aquando da chegada ao evento, estavam os Kings of Convenience a tomar as rédeas do público. O duo norueguês optou por adoptar uma postura intimista, tendo o público respondido favoravelmente ao que terá sido, para os amantes do género, um espectáculo agradável. De seguida, após vários minutos de espera, surgiram os Rinôçérôse, naquela que terá sido a melhor actuação da noite. A apresentação do novo álbum Music Kills Me, a juntar a alguns clássicos como Le Mobilier ou Radiocapté, mostrou uma banda pulsante de energia, com alguns laivos de bom humor que colocaram o público em delírio. Som agradável, a juntar a uma excelente disposição dos elementos da banda e alguns "visuals" interessantes, contribuíram para um momento inesquecível do festival. Infelizmente, não assistimos à actuação dos Sofa Surfers excepto pelos seus últimos 10 minutos. Diz quem lá esteve que terá sido uma excelente apresentação, e nós acreditamos. Após o "aquecer" do público pelos Feel Good Productions, um colectivo de DJs que segue tendências étnicas árabes e asiáticas na concepção das sonoridades, surgiram em palco os Fila Brazillia, com o sol a espreitar já por trás das árvores. Os Fila Brazillia foram outra das decepções da noite, com uma actuação sem vocalizações e com um som que não era de todo adequado à grandiosidade do Palco Optimus. Guitarras processadas, com baixos electrónicos e vozes codificadas por um Powerbook Titanium (a "estrela" do grupo, sendo responsável por cerca de 70% do som que produzem) não chegaram para acordar o cansado público, que reagiu com indiferença às investidas de Steve Cobby. Soube a pouco. Tenda Top Assistimos a parte da actuação de Roger Sanchez, e do que vimos podemos afirmar que esta terá sido de longe a tenda mais animada do festival, mantendo a tendência do ano passado. Sempre cheia a transbordar, a Tenda Top confirma a apetência do público pelos "sets" de techno, com o DJ Vibe a assumir o papel de protagonista, ainda mais que Sanchez, Rui Vargas ou Tó Ricciardi. Ao que sabemos, uma grande noite de som. Tenda Hipnose A edição do festival Boom deste ano terá afastado muitos seguidores da cultura "psytrance" do Meco, tendo a tenda estado mais vazia que no ano anterior, com os DJs a apresentarem fusões interessantes entre o trance e o techno. Destaque para os interessantes "visuals" de Bitnix e a decoração de Federik Holm, e na música para os S.U.N. Project e DJ Mahasuka. Tenda Mobile Fun Algo de estranho ocorreu na Mobile Fun. À primeira passagem, a tenda estava a abarrotar e ouvia-se um rock pesado, quase punk...Algo completamente desfasado do espírito do Meco. Alguns minutos depois, à segunda passagem, a tenda estava completamente vazia e sem som, abandonada. Não sabemos o que sucedeu, francamente. Sabemos sim, que os Dezperados constituíram uma muito agradável supresa, com um vibrante set de tecnho e electro que arrastou para a tenda muita gente. Excelentes indicações do colectivo de DJs residentes no LUX, Nuno Rosa e Tiago Miranda,com 3 gira-discos e 2 mesas de mistura. Quando Rui Portulez pegou nos controles (pensamos nós que seria de facto ele) a tenda encontrava-se novamente vazia, muito por culpa dos Fila Brazillia, da Tenda Top e principalmente dos sucessivos atrasos. Uma enorme injustiça para o DJ da Rádio Oxigénio. Tenda Zoom - Journeys Colocámos as expectativas mais altas aqui, pela presença de nomes tão virtuosos como Jazzanova, Nicola Conte, Spaceboys ou Madrid De Los Austrias. Os primeiros revelaram-se deslocados, optando por um set de lounge que não seria de todo adequado á vertente pulsante do festival. O público pedia mais, e como os Jazzanova não deram, a tenda foi ficando menos composta e os que ficaram aproveitaram o som relaxante para descansar, tendo o set do colectivo alemão arrastado-se penosamente por várias horas. Sabemos que são capazes de muito mais, terá faltado alguma vontade de animar o público. O pouco que ouvimos dos Spaceboys confirmou que estamos perante um interessantíssimo projecto português. As sonoridades funk encheram os ares da Tenda Zoom e agradaram a todos quantos lá se encontraram. Os Spaceboys afirmam-se já como uma certeza no panorama da música de dança nacional, e prometem altos vôos, assim como Mike Stellar, que em conjunto com a belíssima voz e presença de Marga Munguambe, produziu um excelente "set". Nicola Conte tomou o palco e a bossa nova tomou conta da tenda. A grande diva Rosália completou um cenário de sonoridades "loungy" que arrebatou o muito público que se juntou para ouvir. Um agradável espectáculo, que só terá pecado pelos (mais uma vez) atrasos com o "sound-check". Outra agradável
prestação foi a dos vieneneses Madrid de Los Austrias.
Don Zanustre e Pogo apresentaram um
show pleno de energia, com interessantes fusões de dub, jazz,
funk, house, bossa nova e ritmos africanos. Nota negativa para o percussionista/vocalista
que os acompanhou, Nappy G. dos nova-iorquinos Groove
Collective. Um excelente percussionista, um péssimo
vocalista, com constantes interrupções à música
com gritos perfeitamente alucinados. No geral, uma excelente performance.
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